P I B Programa Integrado de Biomassa Yoji Konda
O objetivo do PIB é produzir energia a partir do capim elefante, uma gramínia que pode atingir de 3 a 4 metros de altura. Este projeto envolveu instituições como o Instituto de Pesquisas Tecnológica (IPT), Unicamp, Unesp Botucatu, Embrapa/Seropédica do Rio de Janeiro, Instituto de Zootecnologia e as empresas Coopersucar, Companhia Siderúrgica Tubarão, Jumil e Cimento Itaú. O financiamento do projeto no Valor de U$600 mil foi concedido pela Finep e o projeto se iniciou em 9 de Fevereiro de 1998, com duração de 2 anos. Portanto o que será descrito abaixo não é apenas uma idéia interessante mas uma realidade prática, já que as pesquisas tecno-científicas já foram realizadas pelas entidades acima, só faltando coloca-las em prática. E financiamento para um bom projeto não falta. O autor destas páginas não é integrante da equipe que compõe o PIB, apenas o descreve em parte e acrescenta novas idéias, abrindo mais o leque alternativo na geração de energia, cultivo e geração de novos empregos. Portanto esta página não é um trabalho de pesquisa científica e as consultas técnicas a este respeito deverão ser dirigidas à instituições acima. O idealizador e coordenador desta idéia é o Prof. Vicente Mazarella, pesquisador e diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Email: mazza@ipt.br Estamos falando de milhões de toneladas, representando milhões de dólares. O carvão tem uma importância estratégica na produção industrial, principalmente na de ferro e aço. Para cada tonelada de aço produzido são necessário 750 kg para reduzir o minério de ferro em ferro metálico. Simplificando para os que não estão familiarizados com química: o minério de ferro é extraído da natureza em um estado não metálico, combinado com Oxigênio. (Fe2 O3) Para reduzir o minério, é adicionado carvão que é quase Carbono puro que se combina com o Oxigênio contido no minério de ferro no alto forno. Esta combinação Carbono do carvão+Oxigenio contido no minério produz o CO2 que sai em forma de gás, dispersando-se na atmosfera e restando o FE, que é o ferro metálico. O Brasil produz anualmente 26 milhões de toneladas de aço bruto, o que representa 19 milhões de toneladas de carvão consumido só no processo de redução. Hoje grande parte do carvão vegetal está sendo substituído pelo coque, mas é inegável que o carvão vegetal produz o melhor aço com menos escórias. A razão desta substituição é que o carvão vegetal atualmente produzido é de eucalipto que só é colhido de 7 em 7 anos, o que o torna escasso e muito caro para o ávido mercado siderúrgico. Há a preocupação de que o Brasil não possa atingir a meta de aumento da produção de aço por falta de carvão. Caso o carvão do capim elefante seja usado no lugar, o mesmo pode ser colhido após 120 a 150 dias após o plantio, repetindo o corte a cada 3 a 6 meses, produzindo em média 5 vezes mais matéria seca por hectare/ano do que o eucalipto. O coque é um carvão fóssil e a sua transformação em CO2 que é lançado na atmosfera aumenta o efeito estufa, além de emitir Dióxido de Enxofre que volta ao ambiente em forma de chuva ácida. O Brasil produz pouco carvão que é do tipo energético, não sendo adequado para a produção siderúrgica. Aproximadamente 90% do carvão coque consumido para este fim é importado, representando uma grande queima de divisas em dólares. O carvão vegetal também
lança CO2, mas apenas
devolve à natureza a mesma quantidade de Carbono absolvido durante
a plantação. Portanto temos a absorção e emissão
equilibradas.
Com o recente Tratado Internacional
de Kyoto no qual os países signatários comprometem a reduzir
a emissão de CO2, principalmente
a do tipo fóssil como o coque e os derivados de petróleo,
o aço produzido pelo carvão ecológicamente correto
terá menos restrições nas entrada nesses países,
com menores taxas alfandegárias, valorizando-se assim este produto
nas exportações.
Existe financiamento por instituições como o Finep à disposição para os interessados, desde um mini empreendimento para empresas de pequeno porte para produção de carvão para uso doméstico e comercial e até para os grandes empreendimentos do tamanho das usinas de açúcar e álcool, para os mercados industriais, como os de aço, cimento e cal, mas desde que os mesmos apresentem projetos compatíveis. |
O carvão em pellets é fabricado a partir de biomassas como o capim elefante, eleito por ser o que dá melhor rendimento por hectare/ano, sendo 5 vezes mais do que o tradicional , de eucalipto mas pode ser complementado com outros tipos de biomassa como a folhagem de cana e seu bagaço, planta, palha e sabugo de milho, aguapé seco, restos de cultura como a palha e a casca do arroz e demais culturas como o arbusto de amendoim, soja e outros. Sua principal vantagem sobre o carvão tradicional é que a matéria prima não precisam ter formatos definidos como são para os carvões tradicionais, em forma de galhos ou pedaços. Toda a biomassa é carbonizada, triturada e transformada em pó. Após isso, é moldado sob alta pressão em pellets de formatos variados. Sua densidade em relação ao carvão é bastante alta, alcançando um poder calórico 3 a 5 vezes por volume em relação ao carvão normal de eucalipto e pode ser usada industrialmente na produção do aço e outros metais, cimento, cal, materiais cerâmicos e em usos domésticos como churrasqueiras. Produz também subprodutos durante o processo de carbonização como alcatrão, com muitas utilidades industriais e produz gás combustível que pode ser reintroduzido no próprio forno carbonizador ou para alimentar motores de gasogênio que por sua vez irá acionar geradores de energia. O Brasil tem condições de consumir 20 milhões de toneladas anuais deste tipo de carvão, fora o que poderia ser exportado. Carvão tradicional de Eucalipto versus carvão em pellets de Capim Elefante As florestas cultivadas de
Eucalipto constitue hoje a maior fonte de matéria prima para carvão
vegetal. Mas alguns especialistas ambientais alegam que a maciça
plantação desta árvore exótica vem causando
muita preocupação. Segundo eles, estudos mostram que
o clima fica mais seco e as nascentes que alimentam os rios vão
se tornando mais raros e minguados e muitos rios perenes se tornam intermitentes.
Em 1932 existiu uma lei que proibia este tipo de plantação
perto de rios e nascentes. SÁ em 1952 parece que estava prevendo
o que iria ocorrer nos dias de hoje e já alertava sobre este fato
dizendo que seu plantio só deve ser permitido em quantidades racionadas,
tendo em vista que esta espécie é inimiga da composição
natural da floresta nativa como ressecador da terra, absorvedor de toda
a umidade e mananciais existentes.
Rendimento de biomassa seca (média)
Após passar pela calandra onde é retirado o caldo, riquíssimo em proteinas e potássio a massa seca resultante do capim elefante fica em torno de 38 toneladas/hectare ano. O potássio e outros elementos que aumentam as cinzas ficam no caldo que é aproveitada para ração animal. É importante salientar
mais fontes de biomassa como as folhas de cana, que em cumprimento ao Decreto
Estadual 42055 de 09/08/97 prevê a eliminação gradual
da queima da cana, estabelecendo que em 8 anos a partir de 1998, seja eliminada
a sua queima. A legislação federal, através do Decreto
2661 de 08/08/97 prevê uma redução de 25% a cada 5
anos. Essa enorme quantidade de biomassa poderá ser aproveitada
para a produção de pellets de carvão. Seria possível
adaptar as máquinas colhedeiras e caminhões canavieiros para
este fim durante a entressafra da cana
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